Sabem aquele período de tempo em que, depois de bater à porta, não há resposta?
É nessas alturas que sentimos que não somos nada nesta sociedade tão pobre e tão inculta. Não somos nada porque somos invisíveis ao mundo, não somos nada porque ainda estamos em bicos de pés e com o dedo no ar para chegarmos lá cima. A verdade é que, de facto, somos esses seres invisíveis! Cabe-nos a nós gritar bem alto, ou pelo menos acenar para algumas pessoas nos verem… Acreditamos que se lutarmos pelos nossos interesses, aí a porta se abrirá. E se não for esta a abrir-se bateremos na próxima porta, ou na outra, ou mesmo na outra. Procuraremos sem limite uma porta que se abra. E como, infelizmente, cada vez há menos portas a abrir-se para quem não tem a experiência necessária, escolhemos ser nós a abrir a nossa própria porta. NOC.
NOC é portanto como uma porta que se abre. Há quem diga que pode ser um tanto utópico e idílico, ainda mais nos tempos de crise que correm. Mas a escolha de ter aberto esta porta passa pelo simples facto de sabermos que do outro lado teremos um espaço onde poderemos partilhar conhecimentos artísticos com todo o tipo de pessoas. NOC. Pretendemos chegar a pessoas que, de outra forma, nos eram inacessíveis e de com elas, conseguirmos construir uma qualquer visão sobre o mundo, o nosso mundo, o mundo delas.
Nos dias de hoje a população em geral acha que a cultura é um bem de luxo, pondo de parte o que de mais importante a cultura nos pode dar: o crescimento e enriquecimento pessoal. Pois nós, queremos ser agricultores de arte, cultivar o teatro por essas terras e fermentar o gosto por este ofício que amamos. Queremos fazer mais e melhor Teatro. Queremos crescer e fazer crescer. NOC.
NOC será assim, parte de um novo modo de oferecer cultura, que é levada ao público e que não depende da sua vontade. NOC. Porque teatro é mais do que fingir, é acreditar em várias possibilidades que se nos apresentam, pela vida e por quem a vive. NOC. NOC. Teremos o objectivo de procurar, de viajar, de perguntar, de sonhar. NOC.
NOC é o som que uma vontade faz ecoar no espaço actual do teatro. Uma nova vontade, uma nova procura, uma nova personagem que se distingue do actor fingidor. Uma voz que personifica a fusão de uma equipa, empenhada em criar um novo palco, mutável e efémero, mas que se enraíza em cada lugar que cria no faz-de-conta. NOC. Não pretendemos ser apenas mais uma porta para o lugar do teatro, mas a entrada para um palco que se fixa num novo espaço a cada peça imaginada. NOC. Transformar histórias em percursos e o espectador em agente performativo da acção. Fazer integrar o teatro num espírito de partilha sob um desejo comum. Connosco tencionamos arrastar uma imensidão de pessoas. NOC. Todos os que, como nós, para a cultura nunca estarão em crise, todos os que para a cultura não gostariam de estar em crise, todos os que para a cultura estão em crise e todos os que nem sequer estão para a cultura. Pretendemos chegar a eles, a todos eles. NOC. Chegaremos através do teatro, através dos costumes, através do impossível, através dos sonhos… NOC. Chegaremos nos lugares mais improváveis e aos mais indefinidos. NOC. Daremos fruto ao que não existe, ao que está prestes a existir. Ao que já rompeu faz tempo e ao que entretanto já morreu. Queremos fazer teatro numa rua, no meio da natureza, ou até mesmo num espaço em ruína. NOC. O nosso dia-a-dia dar-nos-á a matéria teatral, tanto na composição dramatúrgica como na concepção espacial. Afinal o que é o teatro senão uma forma de entretenimento de massas e de conhecimentos mútuos, uma partilha de sensações, emoções e opiniões condensadas todas no mesmo momento. NOC.
NOC. Abriremos esta e outra porta, em busca das ânsias de cada um. Seremos o que cada um de nós quiser e o que cada um de vós entender. Criaremos laços quase familiares, onde cada um terá liberdade de crescer, aprender, discutir, criar e, principalmente, de enriquecer as mais variadas experiências de vida que, como nós, confiam na NOC para as emocionar. NOC.NOC. Abra a sua porta ao teatro.
Que comece a viagem NOC.
